sábado, 30 de abril de 2011

As Dificuldades De Se Manter Fiel Aos Seus Princípios

   Pelo título, alguns acham que vou falar de honestidade x corrupção, quem sabe algo relacionado ao trabalho ou seguir minha amadora iniciativa de crítico político. Na verdade não deixa de ser, mas no ambiente adulto e principalmente profissional, isso é assunto corriqueiro! ‘Ofertas’, ‘propostas’, acordos e os limites quase voláteis de termos tão importantes como: Ética, Moral, Justiça, Retidão, têm dado azo à banalização de uma série infindável de atrocidades. A natureza humana é Fo%#@*&¨!
   Mas eu tô só falando de mim, em casa, mesmo! Há alguns anos, quando minha mais velha começou a exigir algumas explicações mais delicadas, li para me informar a respeito da melhor forma de agir. Dentre as coisas que li – lembro do que marcou, claro – 3 me chamaram a atenção. A 1ª esclarecia aos leitores que os filhos não ficam sem resposta, seja ela fornecida por você ou não; outra explicou que quando se tem maturidade para perguntar, normalmente, se tem maturidade para ouvir a resposta; e finalmente, se resolver responder, diga a verdade. Não responder é ruim, mas nada é pior do que mentir!
   Atilado e conclusivo que sou, ou pelo menos me acho, ao fim de uns 3 livros daqueles finos que tratam de educação infantil e adolescente e são equivocadamente dispostos, nas livrarias, junto com os de autoajuda (talvez por serem escritos por psicólogos), decidi: Aqui em casa, se perguntar eu respondo...e sempre a verdade! Fiz apenas algumas adaptações, afinal a resposta deve ter uma profundidade adequada. Nem rasa demais, nem profunda demais! Sempre levando em conta os ouvidos a que se destina.
   Na teoria foi mole! As dificuldades, como sempre, só foram vistas na prática - rsrsrsrsrs. E aumentaram agora, anos depois, quando ela (minha mais velha) chegou à adolescência e a mais nova, hoje com 6, começou a demandar o mesmo tipo de tratamento honesto, em época que eu inicialmente julguei prematura. Tive que voltar às reflexões!
   Percebi então que à míngua de internet, globalização, velocidade da informação, escola, blá-blá-blá, a evolução das crianças (possivelmente nossa também) é observada até na fisiologia...nada mais natural do que isso ocorrer também na faceta intelectiva. Vocês não lembram que nós nascíamos com os olhos fechados? A pergunta era: Já abriu os olhinhos? Os umbigos caiam em 15 dias, agora não duram 1 semana.
   Qual foi a última criança que você foi visitar na maternidade e encontrou de olho selado? A Luiza nasceu prematurííííssima (28 semanas – essa história é bonita, pode até ser objeto de uma postagem posterior) e abriu  os olhos ainda de cabeça pra baixo, na mão da obstetra!
   Tudo que eu disse – talvez – para justificar minhas atitudes avançadas, que por alguns podem ser consideradas atrozes. Mas fazer o que? Criei um princípio; decidi nortear minha postura de pai e o relacionamento com minhas filhas, por uma premissa: A Verdade! E tenho vivido assim desde então! Acho que este é o primeiro ensinamento, pois elas SABEM DISSO!
   Não é fácil! Além de me ver em situações delicadas, passei a necessitar de um raciocínio mais rápido e tenho que estar sempre preparado...para o pior!kkkkkk
   Um exemplo de cada uma. Os relativos à sexualidade são mais engraçados.....e embaraçosos:
   Quando uma apresentadora do GNT utilizou pela 4ª vez, numa entrevista (às 21h), a mesma palavra, eu já sabia..., mas não deu nem tempo de pensar – “Pai, o que é orgasmo?” Foi a de 6 tá! Minha mulher se levantou da mesa (eu ouvi o arrastar da cadeira) e quando olhei de rabo de olho, li os pensamentos dela. Era algo do tipo: “pqp, ele não mente pra elas!” Eu não titubeei – “É o prazer que o adulto sente quando namora!” Confesso que ao fim dessa frase simples, estava orgulhoso!
   Esperei uns 2 minutos pra não chamar a atenção e troquei de canal, sabia lá o que mais poderia acontecer – “Ahhh pai, por quê? Coitada dela.” Não sei bem se não entendi tudo ou não queria entender – “Cê tá vendo, filha?” já voltando. – “Tô...coitada! Ela só beijou com 35 anos?!” Ferrou! Foram aqueles malditos 2 minutos de orgulhosa distração.
- “Não entendi filha, como assim?
- “Ué, ela só teve orgasmo com 35 anos! Não foi isso que você me explicou?!”  Complicou, mas vocês lembram da premissa, né?
- “Mais ou menos, é que normalmente acontece quando a gente namora pelado. Então, é o prazer que o adulto sente quando namora pelado.” A resposta parece ter sido assimilada ou pelo menos não voltou a ser assunto. Tenho certeza de que se não tivesse ficado satisfeita, iria continuar perguntando.
  Há duas semanas, a de 12 com 2 amigas no nosso sítio, se escangalhavam de rir na mesa e entre as gargalhadas, eu ouvi “....tava se masturbando!kkkkkk”. Que que eu podia fazer? Seria um teste comigo? Alguma coisa com o que eu tivesse que me preocupar? Nada demais, apenas um ‘semostrex’ juvenil?
   No meu cálculo de probabilidade, a necessidade de intervenção ficou muito clara, então –"Se mastur...o quê?" Depois de mais um tempo de gargalhadas eu cobrei a resposta, sempre em tom de descontração.
“- Masturbando, pai!
- Que isso? Cê sabe o que é isso? Se sabe, fala.”
   Sempre com muitas gargalhadas (permitidas e bem aceitas) “– Aquilo que o Daniel fez. Eu sei, só não sei explicar.” Era o homossexual do BBB, que se masturbou em rede nacional...hummm, tem várias idéias de postagem neste texto.
   Como a explicação não veio, eu tomei a iniciativa “– Masturbar é o ato através do qual a pessoa dá prazer sexual a si mesmo!” Também gostei...outro momento de orgulho!! Mas veio o silêncio e as três já olhavam fixamente pra mim (Li nos rostos delas: Que? Como assim?). Este tipo de pergunta tácita; telepatia também vale!rsrsrsrs e aí... Lembram da premissa?! Então emendei “– Tocar punheta! Bater siririca!
   As gargalhadas voltaram. Entenderam! O bate papo ficou mais claro e proporcionalmente mais calmo, levando em conta o fato de serem 3 pré adolescentes. Confessaram que não tinham certeza do que era e que os meninos usam na escola as versões menos sutis das expressões.
   Fiquei feliz de novo. Imaginem se eu não tivesse feito a primeira pergunta? Minha filha estaria até hoje na ignorância, ainda que parcial, além de outros tantos pontos positivos, principalmente a certeza de que elas sabem que eu não minto pra elas.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Que Seria Capaz de Aniquilar Um Instinto Tão Básico Quanto O Materno?! E Depois de Aniquilado, O Que Fazer?!




   Pois é! Eu realmente gostaria de estar desatualizado, mas por incrível que pareça não é isso! Este bebê é outro. Não é o do feriado, nem o da lixeira do final de semana!!!!!!!!!!!!! Tampouco um dos outros 14 abandonados (E ENCONTRADOS, pois muitos não são) em abril deste ano.
   Seria cômico, se não fosse um trágico absurdo! Pois é - de novo - pra minha/nossa triste revolta (e não sou bem uma pessoa sensível), este 2º link não é cópia do 1º. É outro, meu Deus do Céu! É outro bebê, outra história dramática, outro neném indefeso abandonado no lixo. O 2º encontrado no mesmo dia 26 de abril de 2011! Agora são 15, na minha ignorante conta de leitor de jornal.
   Porra! Ou eu encaro isso como sinal claro do “Final dos Tempos” (quem me conhece sabe que não é este o meu estilo), algo maior que nós, relacionado ao Juízo Final! Ou simplesmente reconheço que estamos diante da falência de pensamentos e institutos humanos, hoje retrógrados e descompassados com a realidade.
   Seja por convicção, seja por conveniência ‘autopreservativa’, fico com a 2ª opção, afinal, prefiro acreditar na defeituosa condição humana, naturalmente corrigível, do que no intangível destino desenhado por Deus para a humanidade, o que seria irremediável e irresistível!
   Voltando então às questões terrenas e palpáveis, mais do que tentar discutir e explicar esta monstruosidade, alguma coisa tem que ser feita. Algo objetivo e prático, despido de cunho dogmático, político e mais ainda religioso.     
  É ‘interessante’ como evitamos até mesmo falar deste assunto, não porque seja chocante demais (de menos, seria até deboche), tampouco porque mexa com valores muito íntimos, afinal ainda não paramos de tratar da Chacina de Realengo! Desculpem-me, mas a questão fática dos bebês é muito pior!
   Fazendo uma comparação simples e superficial, pra começar, em Realengo (1)o assassino era pirado mesmo; (2)era um doido só agindo contra crianças indefesas, mas desconhecidas; e (3)matematicamente, além da exatidão no número de vítimas, o número foi menor. Nos casos de abandono de bebês com o intuito deliberado de matá-los (quem não quer matar deixa na porta dos outros, não em terrenos baldios, muito menos joga em lixeiras e esgotos, dentro de sacos fechados!) (1)há desesperadas, não loucas; (2)apesar de também serem crianças indefesas, além de ‘mais indefesas’ as crianças ERAM FILHOS daquelas que tentavam matá-los e a iniciativa foi tomada por diversas pessoas distintas – não um maluco só e isolado; e (3)a mera soma, demonstra serem mais casos, sem mencionar a inexatidão no número, pois certamente um percentual mínimo foi encontrado.
   Outra demonstração de nossa busca por esta zona de conforto (ou de menor desconforto), é o fato de culparmos as mães...e só elas! Até as ‘velhas’ aqui de casa ficam de boca suja e as xigam. Por favor, não que não mereçam, para mim deveriam ser mortas com requintes de crueldade, mas o ‘X’ da questão é que a solução está em nossas mãos!
  Conhecemos exatamente a causa do problema! Discordâncias ideológicas a parte e mencionando apenas o incontroverso: Ignorância; falta de prevenção; pobreza absoluta; falta de trabalho, emprego ou remuneração de qualquer sorte; condições de vida aviltantes; e o instinto de sobrevivência e autopreservação, único capaz de se contrapor ao da maternidade!   
   Não vou começar aqui (O QUE SERIA O ATAQUE DIRETO À CONSEQUENCIA) um discurso de apologia ao aborto, ou à esterilização compulsória, apesar de minhas radicais convicções pessoais neste triste sentido  – a idéia não é polemizar, mas refletir. Ademais, o pessoal que terá acesso a este texto deve (tem obrigação de) conhecer razoavelmente o assunto!  
   Porém, também não acredito apenas, a esta altura, na adoção de medidas sócio-educativas, não só por conta da podridão política de nosso país, principalmente diante da grandiosidade das medidas que seriam necessárias para se chegar a uma solução efetiva, mas porque não bastaria ATACAR SÓ A CAUSA!
   Educar sexual e demograficamente a população, principalmente a mais carente – foco do problema – é imprescindível, mas é um processo caro, lento, longo e contínuo (eterno mesmo), para o qual precisaria existir uma enorme e longeva vontade política. Claro, seria a VACINA contra esta doença gravíssima.
   Mas só a vacina não adianta mais, pois a doença já infectou muiiiita gente e continuará infectando até que seja erradicada e para isso é necessário o SORO! Aquele que age sobre a doença já existente!
   Escrevendo este texto, percebi que acabei voltando à descrição do blog, pois a idéia não é apresentar a solução (vender a conclusão), mas discutir pontos de vista e provocar um movimento contínuo em direção a uma das soluções possíveis e viáveis. E aí, o que você vai fazer a respeito?!
  Ah! Encontrei a trilha sonora deste tópico quase deprimente...sou fã desse cara e das mensagens que ele passa. Segue a letra inteira da música e abaixo dela, o link do clipe pra vocês verem e ouvirem.   
Pátria que me Pariu - Gabriel, o pensador
(4x)Pátria que me pariu!
Quem foi a Pátria que me pariu!?
Uma prostituta, chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula,
e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve que tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lombriga
E ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mais nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio,
Abandonado num terreno baldio.

(4x)Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

A criança é a cara dos pais mais não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar
Sinal vermelho, não da tempo prá sonhar
Vendendo bala, chiclete...
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite, um pão, um vídeo game e uma televisão, uma chuteira e uma camisa do mengão.
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa vou pra Europa..."
Coitadinho!
Acorda moleque! Cê num tem futuro!
Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro! Você não tem defesa, então ataca!
Pra não sair de maca!
Chega de bancar o babaca!
Eu não aguento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo. Cade?
To cansado de apanhar. Tá na hora de bater!

(4x)Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

Mostra tua cara, moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck
Vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mais tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue bom
É melhor correr porque lá vem o camburão
É matar ou morrer! São quatro contra um!
Eu me rendo! Bum! Clá! Clá! Bum! Bum! Bum!
Boi ,boi, boi da cara preta pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze na cara do Brasil
Idade 14, estado civil mo...rto
Demorou, mas a pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.

 Clipe da Música

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bullying! Bu..o quê?!

  Quem já ‘botou pilha’ em alguém e/ou foi escolhido pelos amigos do condomínio ou da escola para ser ‘pilhado’? Quem não lembra da expressão: Este(a) aí não agüenta pilha?! Ou Ele tá pilhado!
   Pois é! Pra quem se enquadra nos exemplos acima ou simplesmente ouviu falar e descobriu do que se tratava...falo então, da grande maioria dos brasileiros (cariocas) com mais de 20 anos, nada de novo aconteceu ou surgiu. Para nós, bullying é exatamente a ‘pilha’ que conhecemos. Para os mais conservadores – não necessariamente os mais velhos – bullying é só outro nome para provocação, talvez até um tipo de brincadeira discriminatória, como colocaria minha avó ainda viva de 84 anos.
   Bullying é só um nome novo, pra uma ‘coisa’ velha!!  Lamentavelmente é mais um exemplo de modismo e a maior prova disso é a americanização de um nome conhecido (e vivido) por todos nós há décadas.
   O grande perigo é que como toda moda, pode ser mal utilizado; utilizado com exagero; e até ter sua natureza desvirtuada. O que, na minha opinião, já está acontecendo.
   Tudo agora é bullying e tudo também tem causa no bullying! Agressores de todo gênero se dizem vítimas de bullying; senador com vencimentos cumulados superiores a R$100.000,00 mensais, são violentos, por causa de bullying jornalístico – to falando do Requião sim; até os assassinos de criancinhas, agora se ‘justificam’ no bullying. Mas o pior são as crianças (‘o futuro’), nas escolas e nos condomínios, estarem tão familiarizados com as questões relativas ao bullying.
   Estamos criando um problema emocional coletivo sem precedentes! Ao tratarmos deste assunto com tanta importância, demonstramos aos nossos filhos que é uma ‘cooooisa’ muito grave, muito ao contrário do que nos ensinaram nossos pais, quando diziam - É só não ligar que eles param!  - Isso é porque eles gostam de você.  - Ah, coloca um apelido neles também.
   Enfim, estamos complicando uma coisa muito simples!!
   Pra quem me conhece, já fui apelidado de Macaco, de Baixinho; Nanico, sem mencionar que o apelido Jair, surgiu de uma ‘pilha’, quando implicavam comigo por causa de minha cor. Mas nunca me senti inferiorizado, tampouco era o único ‘vitimado’ pelas brincadeiras. Tínhamos o Saco de Bosta; o Rolha de Poço; o Poste; o Vara Pau; o Cabeção ou Cabeça de Nós Tudo; o Brocha; o Tatuí e uma enciclopédia de animais. Tudo dentro da normalidade, considerando a idade. Todos se chateavam um pouco e depois passava e, como sabemos, o volume e intensidade da pilha eram proporcionais ao incômodo demonstrado.
   Mas era normal! Ninguém ficava complexado por causa disso. Minha foto no FB é a de um macaco e muito outros se utilizam deste mesmo e bem humorado artifício. Hoje, minha filha de 6 anos ‘sabe’ que “se ficar implicando com alguém, por causa de um defeito ou diferença, ele pode ficar traumatizado”. Olha que loucura!! E o mais grave é não poder discordar, pois realmente existe um apelo social e da própria mídia, no afã de demonstrar a seriedade deste novo ‘instituto social’. Quase que uma justificativa para o surgimento desta quantidade absurda de lunáticos, agressivos e ‘sem noção’ de todos os gêneros. No mínimo, apresentando e subsidiando uma fraqueza psicológica observada na maioria dos indivíduos.
   Não era bem melhor antes? Quando era mais simples, mais fácil de lidar. Eu não tenho dúvida! Estamos é dando importância demais aos defeitos e deixando de lado as qualidades.
  “O programa existe....para você não ver que o programado é você” (Gabriel, o pensador)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Educação Em Casa e Ensino na Escola. Hoje Não Há Dúvida

A interessante ilustração, que não é minha, e muitas outras tirinhas 
   Estava pensando em um assunto para blogar, quando minha mais velha chegou da escola ultrajada! A professora havia “ofendido” um colega de classe: Disse que lá (sala de aula) não era a casa dele (aluno) e que ela (professora) não era mãe dele!! Ah, quase esqueci de contar que o pobre menino de 13 anos, levantou-se no meio da aula, pegou o estojo de um terceiro colega e arremessou para fora da sala. Depois disso, saíram na porrada no meio da sala...dois rapazes de quase 14 anos, de classe média alta, cabendo à professora separar fisicamente o combate, que mais lembrava o violentos jogos eletrônicos modernos.
   Ainda sem compreender minha revolta, naturalmente em sentido diametralmente oposto, minha adolescente, me mostrou a gravação que os alunos fizeram do absurdo episódio.
   Tive que me conter, afinal o merecido e sonoro esporro não seria estratégico, pois não geraria a necessária adequação de interpretação, então comecei falando da família, do salário e da própria situação da professora, e pouco a pouco fui conseguindo espaço em meio aquela exagerada inflamação juvenil. Acho que quase a convenci! rsrsrsrs
   Indo mais a fundo, muito mais até do que fui na ocasião narrada acima, vejam que situação! Há muito, os professores não podem punir fisicamente o aluno, dá até cadeia (daqui a pouco nem os pais vão poder mais!); envergonhar o aluno diante do grupo (o que funciona, principalmente com adolescentes) é assédio moral, onde também se enquadram castigos antigos e conhecidos, como ficar em pé de frente pra parede e sentar de costas para o quadro, valendo mencionar que a escola é sempre responsável e, no final, esta responsabilidade se resume ao valor da indenização requerida na justiça.
   Em contrapartida, os pais (nós) não apenas exigem uma participação ainda maior da escola na ‘EDUCAÇÃO’ e ‘CRIAÇÃO’ dos filhos, mas também os entregam cada vez mais indisciplinados, sem respeito e mal educados! A utilização do pronome foi por solidariedade, tá? Porque eu não mando não!
   Esclareço que não sou, nem nunca fui professor de adolescentes, mas me parece de todo injusta a dinâmica criada pela sociedade atual...isso porque nem consideramos a questão ‘remuneração’, senão ficaria pior!
   O fato é que as ‘crianças’ vão para a escola e exageram, brigam, desrespeitam, xingam (não estamos falando dos que levam armas brancas e de fogo para ameaçar e até matar os colegas e professores – estamos tratando dos ‘absurdos normais’), mas também cerceamos 99% da possibilidade que eles têm de educarem e se protegerem dos monstrinhos!
   Não fazemos – não damos educação – em casa, porque não queremos (não temos tempo) e acabamos impedindo que outros façam nosso trabalho. Na casa dos meus pais, desrespeito sempre foi punido com palmada! A conseqüência da briga, sempre foi castigo...assim eu aprendi e assim eu ensino. Aqui, as regras são claras, as punições são severas e a decisão é sempre minha (e das mães)...o que também fica claro desde muito cedo. Além das normas específicas para cada situação e do princípio sagrado de que NÃO É NÃO, temos a regra geral que é: Na 1ª vez eu converso e explico; na 2ª eu dou esporro; e na 3ª dou porrada! Ser pai não é só prazer! É também ter muiiito prazer! 
   Independentemente do que acontecerá no futuro e da eterna possibilidade de vir a morder a língua, até hoje está tudo bem! São muitas regras, muitas conversas, pouquíssimos esporros e  3 episódios pontuais de reprimenda física, apenas os necessários para provar que as regras eram e são reais.
   E pra quem já começa a querer me recriminar, vou ajudar definitivamente. A Nanda apanhou (tomou uma palmada de 3 dedos) com 1 ano e 2 meses porque eu tive que falar a terceira vez e uma palmada de mão inteira com 4 anos, porque me achei desrespeitado. Já a Luiza, tomou uma palmada de 2 dedos com 1 ano e meio, também porque tive que falar 3 vezes. Pode ser triste, talvez terrível, mas regra é regra! Vale pra elas e pra mim. O resultado? Quem as conhece que comente! São ‘pessoas’ alegres, felizes, carinhosas, respeitosas e educadas, mas em constante aprendizado...e aqui só se passa com louvor!
   Gente, com mais ou com menos sucesso, mais ou menos eficiência, o importante é reconhecer que a tarefa de educar é nossa (dos pais), não apenas porque sempre foi, mas porque atualmente, só nós dispomos das ferramentas necessárias para isso. Na dinâmica atual, a escola não pode educar, apenas ensinar e ajudar na sedimentação da educação recebida em casa. Sem mencionar que a formação dos conceitos e valores deles (filhos) é de nossa inteira responsabilidade e muito pouco tem a ver com escola.
   Aliás, a conseqüência lógica desta dinâmica, deveria ser a impossibilidade de enviar para a escola, uma criança que não atendesse aos requisitos mínimos de educação, respeito e principalmente convívio social! Não é mais possível ensinar (e aprender) isso na escola! Idade não é desculpa (agora vou aterrorizar): Pequenininho (quero dizer 2 anos) não pode bater e /ou morder também não! Se tem hábito de fazer, deve ser educado; se não for isso, que vá ao psicólogo e – desculpe – ao psiquiatra, se for necessário! A minha filha (ou a sua) é que não pode chegar em casa mordida e arranhada porque o filhinho dos outros é “hiperativo”! Vai pro caralho! Este é o projeto do adolescente que ameaça o professor por causa de nota e os colegas para fazerem o trabalho dele. E isso não é hiperatividade!
   Confesso ser meio radical, mas a vida é assim e que me desculpem os discordantes, mas até pra vocês espero que algo tenha prestado.